• 15 de outubro de 2024

Neurologista Dr. Diego Dozza aborda as várias faces da dor lombar baixa

 Neurologista Dr. Diego Dozza aborda as várias faces da dor lombar baixa

A estrutura de sustentação do corpo é muito complexa e, sendo assim, os mecanismos para a geração de dor seguem o mesmo princípio! Existem várias estruturas que podem gerar a dor localizada na região lombar baixa com irradiação para as nádegas, quadril, coxas, virilha e menos comumente até para abdômem. Entre elas estão o disco intervertebral, as facetas articulares (articulações da coluna), articulação sacroilíaca, músculos e ligamentos. A principal causa de dor é o disco intervertebral que é responsável por cerca de 40% dos casos de dor lombar axial.

O disco intervertebral é composto por um núcleo pulposo (composto por cerca de 75 a 80% de água) e um anel fibroso (composto por colágeno mais firme e que mantém esta estrutura íntegra). O processo de degeneração ocorre de forma gradual e por múltiplos fatores como perda da nutrição do disco, sobrecarga mecânica, tabagismo, sobrepeso e genética. Isso desencadeia uma série de eventos incluindo a perda de altura do disco intervertebral, aumento da mobilidade e instabilidade da coluna, culminando com a transmissão da carga para o anel fibroso que pode formar lacerações maiores por onde o núcleo pulposo pode herniar. Isto causa a compressão da raiz nervosa e uma das dores mais frequentes chamada ciática (também conhecida como ciatalgia, lombociatalgia), que é uma dor que inicia na região lombar inferior e irradia até o pé. Geralmente ocorre abaixo dos 50 anos de idade. Acima desta idade o mais frequente é ocorrer a estenose (estreitamento) do forâmen neural (canal por onde o nervo sai da coluna).

As alterações  osteoarticulares são resultado das lesões das facetas articulares e correspondem por cerca de 15% das dores lombares axiais. Degenerações podem ocorrer em qualquer estrutura das articulações: cápsula fibrosa, membrana sinovial, cartilagem hialina e osso. O desenvolvimento de lesão mais comum é por stress repetitivo ou trauma cumulativo de baixa carga. Isto gera inflação que causa inchaço da cápsula, gerando estiramento e dor. A inflamação ao redor da articulação também pode causar estreitamento do forâmen nervoso e causar irritação do nervo levando à ciática. Mas também as próprias substâncias inflamatórias geram dor pela estimulação do sistema nervoso.

Já a articulação sacroilíaca causa cerca de 16 a 30% das dores axiais baixas. Em pacientes que sofrearam cirurgia de artrodese lombar com fixação do sacro esta dor pode ser de 35%, mesmo com técnica bem executada. Além da artrodese outros fatores de risco são discrepância no comprimento das pernas, alteração do caminhar, trauma, escoliose, esforço físico pesado e gestação. A região posterior da articulação é composta pelo ligamento sacroilíaco, músculos glúteos médio e mínimo e músculo piriforme. Portanto, muitas funções são divididas com o quadril.

O tratamento da dor vai depender da causa específica que muitas vezes é difícil de definir. Deve-se realizar um tratamento multimodal/multidisciplinar com fisioterapia, utilização de analgésicos/antinflamatórios, modificação do estilo de vida (perda de peso, parar o tabagismo) e tratamento psicoterápico, se necessário. O tratamento clínico deve ser de no mínimo 3 meses, sendo que neste período cerca de 80% das pessoas já terão melhorado.

Para realizar o diagnóstico mais preciso e o tratamento mais adequado deve-se realizar o bloqueio diagnóstico. Dependendo da suspeita clínica será realizado o bloqueio da faceta articular, nervo radicular ou articulação sacroilíaca. Geralmento com o bloqueio já se consegue um grande alívio da dor, mas caso a dor persista são introduzidos outros tratamentos.

E lembrem: os exercícios de reforço muscular nunca devem ser abandonados!

Locais de atendimento:
Passo Fundo – Rua Teixeira Soares 1117, sala 501, tel (54) 3622-2989/3622-2990
Palmeira das Missões – Rua Rio Branco, 989, Sala 301, Edifício Athenas, Centro – Tel (55) 3742-4909
Frederico Westphalen – Clínica Raimed, Rua Tenente Portela 435, tel (55) 3744-3100

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