• 22 de dezembro de 2024

Gerson Luís Batistella: “A educação como caminho!”

 Gerson Luís Batistella: “A educação como caminho!”

Quando adolescente, sem acesso às atuais tecnologias da informação, imaginava como seria o futuro, quando adulto, onde estaria, como e com quem estaria!

Oriundo de uma família composta por um casal de pequenos agricultores, descendentes de italianos, e quatro filhos, com dificuldades inerentes, à época, de quem dependia de um pequeno pedaço de terras, decidi que traçaria um caminho diferente e estabeleci a busca pela educação e a formação superior como alternativa para obter essa mudança e, a partir disso, poder contribuir com a melhoria social e econômica da minha família.

Dos tempos de ensino fundamental e médio em escolas públicas, à noite, para trabalhar de dia, à aprovação e frequência na universidade distante da terra natal, que exigia quase três horas diárias, ida e volta, durante seis anos, à noite, às dificuldades impostas pela não obtenção de financiamento estudantil para realizar o sonho traçado de concluir o ensino superior, muitas histórias, frustrações, alegrias, e um conjunto de sentimentos e emoções que caberiam num livro.

Hoje, passados empregos, concursos públicos, constituição de uma família extraordinária, mudança de cidade, formação continuada, desafios, percalços e objetivos atingidos, assimilação de erros, dificuldades, ingratidões, olho para essa caminhada com um sentimento de gratidão e alegria a tantos que incentivaram, acreditaram, não desencorajaram. Muitos entes queridos, ao longo dessa trajetória, não mais se encontram aqui, isso se chama saudade!

A vida nos ensina que a grande maioria da população precisa correr atrás de seus sonhos e objetivos, ela não nos dá nada de graça! É preciso querer, focar, fazer escolhas, deixar algumas opções, realinhar caminhos, trabalhos, amores e, às vezes, os próprios sonhos!

O importante é ter presente que a vida das pessoas passa, necessariamente, pelo seu processo de formação educacional. O Brasil tem milhões de pessoas que nunca tiveram ou terão acesso à formação escolar plena, da educação infantil à superior. Muitas, não todas, optarão pela formação profissionalizante, antes da superior e isso, provavelmente, também as levarão à concretização de sonhos e objetivos e isso é extraordinário!

Entretanto, não podemos, como pessoas que somos, na concepção “humana” que utilizamos, aceitar que muitos sequer terão o acesso ou as possibilidades de realizar sonhos e objetivos pois a educação não lhes será oportunizada ou que a vida imporá a necessidade de fazer a escolha entre estudar e trabalhar. O desenvolvimento intelectual de uma pessoa, sua capacidade de compreensão, estabelecimento de ponto de vista, entendimento e senso crítico não deve ser-lhe retirada, aceitando-se que isso “faz parte da vida”. É condenar uma pessoa às dificuldades duras que a vida lhe imporá!

Como sociedade, naturalizamos com simplicidade situações que deveriam provocar sentimentos de não aceitação e repulsa e, como cidadãos com senso de equilíbrio, a exigir ações e posturas que levem à reparação do erro, do abandono, da desconsideração, da retirada dos preconceitos, da não corrupção, do resgate de sentimentos como humildade, solidariedade e efetiva preocupação com o semelhante!

A busca por sonhos e objetivos é intrínseco ao ser humano, mas isso não pode levá-lo apenas à preocupação com si próprio e seus familiares, é preciso olhar para o lado, o entorno e poder, de alguma forma, contribuir com a melhoria.

A educação perpassa o crescimento intelectual e incide diretamente sobre as condições sociais e econômicas, na estruturação de famílias, relacionamentos e a escolhas políticas centradas em pessoas e programas que priorizem o desenvolvimento em todas as áreas, sem distinção, sem perda de valores intrínsecos, na redução dos índices de violência, contribuindo para uma sociedade calcada na percepção e sentimento de que o ser humano é a prioridade!

(A reflexão é uma homenagem aos 25 anos de TCE/RS e de Frederico Westphalen/RS neste mês e pelos 30 anos de formação superior em Administração pela UPF – Universidade Federal de Passo Fundo, ocorrida em agosto deste ano).

Gerson Luís Batistella. Administrador, professor da disciplina de Gestão Pública da URI – Frederico Westphalen, Professor Instrutor da Escola Superior de Gestão e Controle do Tribunal de Contas do Estado RS (TCE-RS), Auditor e Coordenador Regional do TCE/RS em Frederico Westphalen.

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