O Envelhecimento do Cérebro
Por: Dr Diego Dozza, Neorologista
As pessoas estão vivendo mais e com a idade surgem questões frequentes sobre o que seria normal ou não no envelhecimento. Dentre essas dúvidas ressalta-se o temor da perda de memória. É comum que a memória se reduza com a idade, pois sabe-se que existe uma perda neuronal ao longo da vida. Porém até que ponto os esquecimentos seriam considerados normais? Primeiro aspecto importante: a maior causa de dificuldade de memorização em pessoas jovens é o estresse, sobrecarga de atividades e transtornos psiquiátricos como depressão, ansiedade e déficit de atenção – que pioram com a chegada do final do ano. Esses fatores também podem ser a causa de esquecimentos em faixas etárias mais avançadas e até em crianças. Deve-se ressaltar que a capacidade de memorização está diretamente ligada a qualidade de sono, portanto pessoas com privação de sono ou insônia provavelmente terão problemas de memória. Em idosos, principalmente, a depressão pode levar a um quadro muito semelhante à doença de Alzheimer com episódios de desorientação e esquecimentos, por isso a importância de diagnosticar e tratar precocemente as causas ditas reversíveis de perda de memória. Entre outras causas “reversíveis” de esquecimento estão: doenças de tireóide, deficiência de vitaminas (principalmente vitamina B12), doenças infecciosas como sífilis, encefalites e alcoolismo (em alguns casos irreversível). Temos que diferenciar a demência do Esquecimento Benigno do Idoso que faz parte do envelhecimento natural onde há um declínio da memória, mas sem o comprometimento das atividades de vida diária. Aos 85 anos uma pessoa é capaz de evocar metade do número de itens que recordava aos 18 anos.
Deve-se suspeitar de um quadro mais grave de perda de memória quando a pessoa apresentar esquecimentos progressivos ao longo de meses, dificuldade de realizar tarefas que antes fazia com destreza (por exemplo, uma costureira que começa a errar na costura, um cozinheiro que repetidamente troca os temperos, deixa a comida queimar), dificuldade de se expressar ou encontrar as palavras, alteração de comportamento (agressividade, desinibição, choro frequente). Esses sintomas devem atrapalhar a rotina e prejudicar a pessoa para serem considerados patológicos e principalmente devem ser progressivos. Nesses casos a pessoa pode estar apresentando um quadro de demência, sendo a mais comum a doença de Alzheimer e a demência vascular. Ambas acometem na sua maioria pessoas com mais de 60 anos de idade, sendo raríssima sua incidência em idades mais precoces. Na doença de Alzheimer a pessoa apresenta perda de memória progressiva, associada a alterações de julgamento, capacidade de executar atos da vida diária e linguagem. Existe tratamento para esta doença porém não existe cura, portanto o diagnóstico precoce é importante, pois possibilita que o paciente fique em uma fase leve da doença por tempo prolongado. A demência vascular é associada a doença vascular cerebral na forma de AVCs de repetição (muitas vezes silenciosos) que lesam as áreas de memória e acontecem principalmente em pessoas com fatores de risco para doença vascular como hipertensos e diabéticos não controlados, passado de AVC e tabagistas de longa data.
Algumas causas de demência são a Doença de Alzheimer (DA, mais de 50% dos casos), demência vascular (DV), demência associada à Doença de Parkinson, alcoolismo, demência de Corpos de Lewy (DCL), demência Frontotemporal (DFT), deficiência de vitaminas, endocrinopatias ou insuficiência orgânica, neurosífilis, lesão cerebral difusa, hidrocefalia, tumores encefálicos, intoxicação por drogas/medicamentos, depressão, esquizofrenia, infecções. Fiz questão de citar várias causas para chamar a atenção da importância da investigação diagnóstica correta e porque há algumas doenças tratáveis e com cura.
A maior prevenção de perda de memória consiste em estimular o seu cérebro. Atividades como leitura, jogos de memorização, esportes, alimentação saudável, postura positiva diante das tribulações da vida, boa qualidade de sono, não fumar e não beber. Estas orientações contribuirão para preservar sua memória e para um envelhecimento saudável.
Existem alguns exames como a ressonância magnética de crânio, tomografia por emissão de pósitron (PET CT) e exames genéticos, além da testagem neuropsicológica que nos auxiliam na detecção desses distúrbios neurológicos. Com software mais potente as imagens chegam até parecer obras de arte como vemos na tractografia! Assim, com exames de imagem cada vez mais modernos, busca-se cada vez mais precocemente o diagnóstico.
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