• 30 de dezembro de 2024

INVASÃO DE PRIVACIDADE

 INVASÃO DE PRIVACIDADE

Gilberto Jasper
Jornalista/gilbertojasper@gmail.com

     A vida moderna reserva surpresas inimagináveis há poucos anos. Al-guém poderia pensar em pagar para que outras pessoas dissessem o que vestir, comer, falar e para onde viajar? Pois esta é a realidade das redes sociais, onde o influenciador – ou “influencer”, é destaque.
  Trata-se de uma figura pública que conta com milhares de seguidores e que dita tendências de determinado setor ou segmento. Esta nova modalidade de comunicador tem o poder de convencer  milhões de pessoas a seguir suas dicas e opiniões.
  É normal pedir sugestão a amigos para dirimir dúvidas. A nova tendência, no entanto, faz com que o influenciador seja pago para dar opinião, quase sempre para indicar marcas, produtos e empresas. É possível assegurar que o “influencer” realmente consome aquilo que sugere?
  O mercado global do “marketing de influência” atingiu 16 bilhões de dólares em 2022, um aumento de 1,7 bilhão de dólares em relação a 2016, e o setor segue em crescimento. Além de depender de outras pessoas para de-finir seus gostos, vontades e opiniões, milhões de internautas ainda pagam por isso para acessar os “conselhos”, É normal?
  A publicidade tradicional, que inclui anúncios em instrumentos tradicionais, como rádio, televisão, cinema, jornal e outdoors, a cada dia perde verbas milionárias para veiculações em redes sociais. Ligar marcas, serviços e empresas a determinadas personalidades é uma tendência cada vez mais presente.
 O risco consiste na possibilidade de que estes famosos cometam desli-zes na carreira profissional ou no âmbito pessoal. Isso impacta diretamente nas marcas/empresas vinculadas a essas celebridades. Isso pode resultar em milhões em prejuízos e a necessidade de reconstruir marcas e até extinguir produtos.
 Sou arredio às redes sociais, mas não é preconceito. Considero válida toda forma de comunicação, mas impressiona a volatilidade do público fã da telinha do celular. A escravidão reside na impossibilidade de milhões de pes-soas ficarem longe do celular e publicar detalhes íntimos do cotidiano.
 Isso, somado à dependência dos “influencers”, é o “novo normal”, onde a tecnologia devassa nossa intimidade através de algoritmos invasivos, cuja invasão de privacidade é, sim, autorizada por todos nós.

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