Dólar bate novo recorde e fecha a R$ 5,98, e Ibovespa cai, após anúncio de corte de gastos
O dólar avançou 1,29% em relação ao real e fechou cotado a R$ 5,9895 nesta quinta-feira (28), superando o recorde da véspera (R$ 5,913) e o registrado em maio de 2020, no auge da pandemia, quando alcançou R$ 5,97. Mais cedo, a moeda americana chegou a atingir a máxima histórica de R$ 6,0036. A divisa já aumentou mais de 20% neste ano.
A disparada é resultado do descontentamento do mercado com a proposta de ajuste fiscal, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, junto com a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil.
Já o Ibovespa caiu 2,40%, aos 124.610,41 pontos, entre mínima de 124.389,63 (-2,57%) e máxima de 127.667,73, quase idêntica à abertura (127.667,40).
Na semana, o principal índice da B3 recua 3,50%, e no mês, faltando a sessão desta sexta-feira (29) para o fim de novembro, cai 3,93%. No ano, cede 7,14%. Em porcentual, a perda desta quinta-feira foi a maior desde 2 de maio de 2023 (também -2,40%).
O mercado não gostou dos detalhes da coletiva sobre o pacote e da divulgação conjunta da medida do IR, inflacionária, e pede mais prêmios nos juros também. A Selic pode subir mais que o esperado”, comenta Guilherme Esquelbek, gerente de câmbio da corretora Correparti.
“Por outro lado, o corte de gastos oficializado é um ponto positivo, embora ainda reste incerteza sobre algumas propostas, como mudanças no seguro-desemprego, que ficaram de fora. Essas medidas têm impacto mais significativo no longo prazo, e o governo enfrentará dificuldades para alcançar o limite inferior da âncora fiscal, seja este ano, em 2025 ou até 2026″, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
A previsão da equipe econômica é de que as medidas possam garantir uma economia de R$ 71,9 bilhões nos anos de 2025 e 2026 e de R$ 327 bilhões até 2030 para o orçamento público.
O resultado sobre a proposta de ajuste fiscal estava no radar do mercado financeiro desde outubro, quando a equipe econômica do governo informou que estava preparando medidas para reduzir as despesas públicas. A expectativa dos analistas era de que o Executivo entregasse um corte de gastos de pelo menos R$ 50 bilhões, além de correções nas despesas obrigatórias e discricionárias no orçamento público.
R7